Friday, October 31, 2008

Peço-te que me doas


Podíamos tentar
a vida.
Desflorar de novo
a fulgurante madressilva.
Acreditar que somos
par,
que fomos
feitos para amar.


Esquecíamos que o silêncio
permanece.
afluente cansado
sem rio onde desaguar.
Sílabas oxidadas
na pele,
acorrentadas
em grilhetas de papel.


Apesar de tudo,
a vida
no tempo das palavras
e das lágrimas nos rostos,
tinha um fulgor
de vento,
um sabor
a ti no firmamento.


Apesar de tudo,
a dor
não nos doía.
Cristalina e certa,
vinha doce e sem
segredos,
numa vertigem
calma de arvoredos.


E agora se te olho
e não te vejo,
quero que me doa
a tua carne na minha.
Ter o teu corpo de novo
tacteado,
que já só provo
num perfume de passado.


Vamos tentar
de novo, a vida.
Mesmo que seja loucura!
Mesmo que seja com dor,
vivamos iludidos a sublime
imperfeição
que nos define...
Onde está a tua mão?


O Nostálgico

Tuesday, October 28, 2008

À espera de um poema


À espera de um poema...
Como quem espera por um comboio inesperado
Na estação do destino.
Que te leve para um lugar que só exista
Na poesia do partir.

À espera de um poema...
Deixa-te assim ficar, eterna e admirável passageira,
A perscutar a vida.
Que dissimula as palavras que antecipam
O poema que há na espera...


O Nostálgico

Um poema para ti II

Um poema para ti
Não carece de poesia.
A poesia vem de ti...
As palavras são as margens
E tu és a travessia.



O Nostálgico

Um poema para ti

Um poema para ti.
Pedaço de mim,
Em palavras.
Pedaço de mim,
Sublimado.
Para ficar noite inteira
Na mesa de cabeçeira,
Em versos, sonhando a teu lado.



O Nostálgico

Tuesday, October 14, 2008

Outono


Marés de folhas secas...
Vão e vêm, vão e vêm...
Com amarelado desdém.

Eu vou e venho com elas.
Folha seca ocasional,
Pardaçento e outonal...


O Nostálgico