Wednesday, April 2, 2008

Algures num banco de jardim

O mundo inteiro cabia no teu sorriso
Quando entraste no meu dia sem aviso.
No teu olhar a ver a vida a vaguear,
Perdi-me na criança que outrora
Vagueou irrequieta dentro de mim.

Em compassadas e longínquas primaveras
Cansei as tardes em demanda de quimeras,
Sem outro sentido que o de serem só minhas,
Por onde deambulas tu agora
E nelas corres pelas tardes agora tuas.

Com as tuas mãos que colhem brisas ancestrais
E arriscam fisgas aos pardais,
Esculpo a pedra tosca da memória
E a minha face de menino,
Deslumbra-se de novo com a vida.

Transbordantes pelas margens, as nascentes
De ribeiros de sonhos sem poentes,
Impediam que o futuro alguma vez acontecesse.
Que afinal tu me trazes sem querer
E sem saber, que já não sonho.

E o meu corpo tão curvado pela alma pesarosa
Que na poesia já só consegue ver prosa,
Enlevado nos teus risos sem lembrança,
Salta muros e veredas, e recorda
Tudo quanto já não pode vir a ser.




O Nostálgico