Monday, December 3, 2007

Manifesto

Às vezes temos que parar.

Seja quando apenas vemos portas
fechadas,
seja quando a nossa vida se transforma
ela própria numa porta,
interminável
e nós fechados, dentro dela...

Parar.
Parados deixar que outros passem frenéticos.
Alegres por serem tristes...
Viagens espiraladas no inconsciente labirinto da sua existência.

Vegetar... Pela irrelevância dos dias que faltam e pelas noites
que passam tão velozes que não chegam a passar.
Inamovível dentro desta porta opaca e minha.
Apertado assim,
contra ela tenho paz.

Não!
Não quero vitórias para não querer insidiosas guerras.
Nem sonhos que me evoquem, quando os sonho,
a cáustica realidade.
Quero ficar, simplesmente.
Quero parar um pouco, se me deixarem parar
Ou para sempre, se não.

Resistir até, se conseguir, à tentação
de espreitar acocorado,
pelo buraco da fechadura do futuro.

Ancorar a alma neste fundo lodaçento
que é o tempo neste muro.

Parar.
Parar o sangue de pulsar...
e dar-lhe tréguas.
Dar-lhe um canto para ficar,
antes de soçobrar,
às portas do fim do mundo.



O Nostálgico

No comments: