Tuesday, December 11, 2007

Amor


Sofre!

Arruina a tua existência.

Entrega-te de corpo e alma
à sofreguidão do amor...


O Nostálgico

Caçatempo

Lá vou eu!
Aberto e pleno,
plano por entresobre imagens.

Subitariamente, encalho.
Espalho... um grito lento,
seco e sacro.
E lacro as portas do universo.

Agora que fechado o espaço,
laço o tempo, contratempo,
encaixo a besta, contrabaixo
e rumo ao mundo, me relaxo.

Acorrento o animal,
intemporal, omnipresente.
Eternamente enjaulado
numa fracção de presente.

O Nostálgico
(Nostalgia de 1985)

Monday, December 10, 2007

Falésias

Construo falésias de onde possa ver o mar...
Penhascos feitos de imaginação.
Imponentes guardiões
Do meu pensamento alado.

Sobrevoo a vastidão da minha ausência
E compreendo enfim a tua,
Quando volto com as mãos cheias de vento
E o corpo tão cansado.

A soletrar silêncios permaneço eterno,
Porém fugaz se não te souber aqui.
Construo falésias de onde possa ver o mar,
De coração destroçado.



O Nostálgico

Thursday, December 6, 2007

Nostálgico #1

"De tudo ficaram três coisas:

A certeza de que estamos sempre começando...
A certeza de que é preciso continuar...
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...

..."

Fernando Sabino



Simples, belo (como todas as coisas simples) e suficientemente "nostálgico" para constar aqui.

O Nostálgico

Não suporto a poesia

Não suporto a poesia.
Deles...



Irrita-me a sua maneira,
Sobranceira
De rimar.

Enfastiam-me os seus versos
Controversos
A chiar.

Cheios de salamaqueques,
Como Queques
A snobar (... sim, sei que a palavra não existe.
Mas perdoem este chiste,
sabem onde quero chegar.)

Seu narciso ego que fala,
Alcavala.
A monologar.



Não recuso a poetanásia.
Deles...

O Nostálgico

Tuesday, December 4, 2007

Fim de tarde, fim de dia


Fim de tarde, fim de dia.
Escassa a luz e o meu corpo,
Todo ele é pensamento
ansioso, vago e lento,
Em tormentosa melodia.

Sombreados já os espaços,
Escureçe a minha alma
sobre os campos, na agonia.
Fim de tarde, fim de dia
Do afastar dos teus passos.

Impotentes, os meus olhos
aguam-se em sofrimento.
Querer-te em silêncio é vão
Mas calar meu coração
É perder-te nos meus sonhos.

Rarefaz-se o sol poente
Que foi ver-te p'la janela.
Por momentos foste minha
E amanhã pela tardinha,
Serás minha novamente.

O Nostálgico

Prisioneiro

Sou eternamente teu, carcereira!

Prisioneiro exangue dos teus lábios,
esfomeado...
Agrilhetado nos teus beijos.

Condenado a prisão perpétua
pelo tribunal do teu regaço,
quando nele um dia
descansei o pensamento.

Não desejo a liberdade...



O Nostálgico

Nostalgia #0

As palavras são a guarda avançada da alma...
Abrem caminho para que os sentimentos possam brotar livres e profundos.



O Nostálgico

Monday, December 3, 2007

Manifesto

Às vezes temos que parar.

Seja quando apenas vemos portas
fechadas,
seja quando a nossa vida se transforma
ela própria numa porta,
interminável
e nós fechados, dentro dela...

Parar.
Parados deixar que outros passem frenéticos.
Alegres por serem tristes...
Viagens espiraladas no inconsciente labirinto da sua existência.

Vegetar... Pela irrelevância dos dias que faltam e pelas noites
que passam tão velozes que não chegam a passar.
Inamovível dentro desta porta opaca e minha.
Apertado assim,
contra ela tenho paz.

Não!
Não quero vitórias para não querer insidiosas guerras.
Nem sonhos que me evoquem, quando os sonho,
a cáustica realidade.
Quero ficar, simplesmente.
Quero parar um pouco, se me deixarem parar
Ou para sempre, se não.

Resistir até, se conseguir, à tentação
de espreitar acocorado,
pelo buraco da fechadura do futuro.

Ancorar a alma neste fundo lodaçento
que é o tempo neste muro.

Parar.
Parar o sangue de pulsar...
e dar-lhe tréguas.
Dar-lhe um canto para ficar,
antes de soçobrar,
às portas do fim do mundo.



O Nostálgico